sábado, 16 de julho de 2011

Vida vazia

Sentada, à beira de um laguinho, ouvi histórias utópicas que meu pai, emocionado, repassou pra mim. Citou-me das curvas que os anos lhe deram, das tantas vezes que estendeu a mão num simples gesto de caridade... Contou-me das histórias que viveu, das lamúrias e rodas de amigos com cantoria - findadas apenas no outro dia. Falou da natureza, sua beleza e suas paisagens.
Meu pai não mencionou os quero-queros. Estas aves insistentes, de canto ardente, que não deixam de quero-querer belezas infinitas.
Que mesquinho é o homem hoje em dia, que hesita ao banhar na cachoeira! As borboletas de meu pai voaram longe, não permitindo parar de vislumbrar suas riquezas.
Ricos eram os tempos que não vão voltar! Mas as riquezas não compravam grandes carros, porque as rodas de mate eram a locomoção do silêncio às melodias. Meu pai não lembra de ter negado ternura, por mais que um dia lhe faltasse pão.
Mudaste tudo em teus aspectos, vida vazia, e tornaste triste os que compartilham. Faz com que a vida não se modifique, e que um ato hipócrita se difunda em pó!

2 comentários:

  1. Giovanna,os teus textos são realmente encantadores. Sentimentos ambíguos e contraditórios permeiam as entrelinhas, manifestando-se através de expressões ora nostálgicas ora acalentadoras. Parabéns!

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