quinta-feira, 28 de julho de 2011

De que adianta chorar sem ter aprendido a enxugar as lágrimas? Algumas gotas tristonhas que rolaram no meu rosto, por algum motivo, voltarão a compor meu sorriso? Chorar é mostrar-se incompetente, com um gélido coração que não corresponde às ideias da cabeça. Sinto-me sozinha. Aliás, meu pensamento está junto de mim, incomodando. Pressionando. Me fazendo vomitar tudo o que está trancado. Meu pensamento guia-me a uma estrada segura. Mas meu coração não corresponde. Meu pensamento grita para que eu pare de me sentir só, me acompanha na solidão, acalanta minhas noites preguiçosas, me recebe com "bom-dia" de manhã. Mas meu coração aperta de todos os lados. Meu coração fica com saudade de bater mais forte, então limpa minhas lágrimas para sorvê-las novamente. Meu coração me deixa sozinha, se for bom pra ele. Meus pensamentos são companhia, mas se esquivam aos mandamentos da paixão. Apenas isso: sentem medo. E eu temo estar sozinha.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Será mesmo...

...que sou pó? Seria eu, tão sensível, uma pessoa entre tantas, sem receber amor de ninguém; sem ao menos ter amor pra oferecer? Ao observar meu travesseiro, fiel companheiro, absorvendo gotas que meus pequenos olhos choraram, vejo também o teu rosto refletido nestas lágrimas espelhadas. Por que me pego a enxergar-te em mim? Será mesmo que sou um grão de areia no imenso deserto? Ou são teus olhos que não me espalham em lágrimas tuas, estas, inexistentes?

sábado, 16 de julho de 2011

Vida vazia

Sentada, à beira de um laguinho, ouvi histórias utópicas que meu pai, emocionado, repassou pra mim. Citou-me das curvas que os anos lhe deram, das tantas vezes que estendeu a mão num simples gesto de caridade... Contou-me das histórias que viveu, das lamúrias e rodas de amigos com cantoria - findadas apenas no outro dia. Falou da natureza, sua beleza e suas paisagens.
Meu pai não mencionou os quero-queros. Estas aves insistentes, de canto ardente, que não deixam de quero-querer belezas infinitas.
Que mesquinho é o homem hoje em dia, que hesita ao banhar na cachoeira! As borboletas de meu pai voaram longe, não permitindo parar de vislumbrar suas riquezas.
Ricos eram os tempos que não vão voltar! Mas as riquezas não compravam grandes carros, porque as rodas de mate eram a locomoção do silêncio às melodias. Meu pai não lembra de ter negado ternura, por mais que um dia lhe faltasse pão.
Mudaste tudo em teus aspectos, vida vazia, e tornaste triste os que compartilham. Faz com que a vida não se modifique, e que um ato hipócrita se difunda em pó!

Ele chegará?

Foi...
Sem saber seu rumo certo
Almejando as pitangueiras,
O límpido céu azul,
O cantar do bem-te-vi...
Um prato farto, um simples pão.

Foi sem saber se voltaria.
Foi apenas querendo chegar!

Curvas o tempo veio a lhe dar,
E um pequeno sinal
- palpite do coração: -
A ilusão de um dia estancar a caminhada;
A proximidade do horizonte emplumado.

A pureza do sorriso,
Do singelo aperto de mão.
Do bom-dia da família estruturada,
Da voz suave acalantando o grande sentido de sua existência.

Chuva mesquinha

A chuva cai.
Sem nem ao menos perguntar.
Sem nem ao menos hesitar...
Cai desigual.
Em contra-tempos.

Por vezes cai mansinha, feito cavalo domado.
Tantas outras... Que selvagem!
Até parece inverno, onde o vento sopra seco. Rude.

Ela cai sem sentir medo.
Talvez pela transparência,
Ou por ser fiel companheira das lágrimas que molham meu rosto.
Estas que são tão comuns,
Mas eu sei que,
Lá dentro,
Além de vê-las, eu as sinto.

Subjugado, meu coração ficou preso

Amar é criticar negligências,
Idolatrando o brilho da lua,
Eletrizante, nos faz pairar no espaço.
Um fascínio fátuo, felpudo,
Masoquista,
Doentio.

O amor não precisa de espelhos...
É tão lindo, encantador
O quão doce pode ser traidor,
Mas indolente às críticas.

No fatídico ato de olhar-se em águas cristalinas,
Vindas de retinas,
As minhas, esbugalhadas,
Iludidas e cansadas,
Sem rumo, apertou meu coração
E ali fez morada, até sofrenar.
Fez-me prisioneira de seus caprichos.