quinta-feira, 14 de junho de 2012

Itinerário incerto.

Bebi água de meus olhos. Pareceu-me pura a lágrima. Senti um gosto fresquinho, semelhante ao de chuva: gosto mesmo de vitória. Orgulhei-me, e a cada minuto mais encharcava meu rosto. Saborosa repetição. Ao vislumbrar o céu, uma lágrima solta pelo chão. Ao apreciar a beleza das cores vivas de um desenho abstrato, outra que cai.
De meus olhos já apartaram-se tantas lágrimas que nem sei. Espero que o chão as tenha absorvido, pra que eu não encontre-as empilhadas nos caminhos que trilharei. Mas saberei que pura estará minha'lma sempre que, por necessidade, puser-me a chorar.
As pessoas vão e vem. Os fortes e que realmente nos amam ficam para sempre. As lágrimas que caem de nossos olhos quando se descobre as falhas de nossos conhecidos enquanto considerados amigos, por vezes, levam-nos embora.
Assim precisa ser: de nada vale um amigo com o qual não temos liberdade de expressão. Dói ver uma pessoa que você cuidava como se fosse sua irmã, mas se o grau imaginário de parentesco não lhe era explícito, que a sujeira que manchou seu coração possa ficar nas mãos desta pessoa, e permita-me desejar que lhe suje um pouco também. Quando em nós pisam, podemos sentir a dor que não sentimos enquanto pisamos.
Conservar os amores fortes é necessário, pois, por mais que se pense conhecer de cabo a rabo o amigo, nos é provado o contrário quando já não mais fazemos falta em sua vida.

Gaúcha...

Saiba controlar sua ansiedade. Deixe que o vento diga quais as metas que conseguirá atingir, mas esforce-se para não ter a chance de perdê-las de vista. Certa feita, em um livro encontrei uma informação que me pareceu transcender tanta paz, pois pude entender o quão indecifráveis são os amores que temos. Dizia que um célebre pesquisador gaúcho (que aclamemos a Paixão Côrtes), haja visto que lhe fora imposta pela sociedade uma máscara de "grosso" por vê-lo vestir bombachas em pleno século de Guerra Civil, donde eclodiu a triste globalização, chorando ao ver sua bandeira rio-grandense, em trapos, a servir de toalha para uma mesa de bar, na capital. Durante anos a fim de decifrar tal sentimento por nosso pago, pechei na conclusão de que, realmente, não há explicação. Relevante também me foi o fato de que tantas outras prendas e peões de outros lugares que não daqui sentem um forte apego aos nossos costumes. Retrato disto tirei do Concurso de Prendas da Confederação Brasileira de Tradição Gaúcha, onde senti que naqueles corações de querências distantes estava o amor por noso pago, nosso chão. Compreendi, a partir de seus gestos, que amavam o Rio Grande do Sul assim como nós, Tradicionalistas Gaúchos (natos desta terra). E digo: muitos dentro daquele pavilhão me comoveram por transparecer que tinham a alma mais gaúcha que muitos sul-rio-grandenses dançarinos ou contra nosso Movimento Organizado.
Por inúmeras vezes saí de um concurso sem o primeiro lugar. Dentre as tantas, em nenhuma perdi as esperanças. Talvez ainda não soubesse (ou não o saiba, quem sabe?) a forma mais propícia para o preparo. Mas acredito que, antes de almejarmos um título por vaidade, devemos sentir o tradicionalismo e vivê-lo. É imprescindível que passemos horas lendo sobre nossas tradições, E NUNCA SABEREMOS TUDO, mas o principal é saber viver a essência do tradicionalismo, que vem a proporcionar este inexplicável amor que temos pelo Torrão. O resultado é consequência de nosso esforço, dentro dos concursos, e eu posso cair ainda muitas vezes, que vou conquistar meu objetivo. E os que me julgam, chutando alto, devem ter um por cento do meu amor pelo Rio Grande. É que me brilha o olhar quando eu falo em Tradição, e me perturba a ideia de não ser boa o bastante, o que gera nervosismo e uma decepção consequente. Eu sei que quando for a hora de eu mostrar pra minha Terra o que me  trouxe até aqui, o meu sentimento já será muito maior que hoje já é. No lugar que eu estiver, seja quando for, sempre me orgulharei de minha cultura e de minha Terra natal. Sempre me orgulharei em ser GAÚCHA!