domingo, 26 de dezembro de 2010

Força maior


Unidas por uma força maior. Sabe aquela que você incomoda, incomoda, incomoda... Mas ela não cansa de saber cuidar de você? Não cansa de tentar te fazer bem? E faz? Que, mesmo com a distância, não deixa que o afeto por ela se extingua?
É ela.
Eu agradeço por tudo o que tu me fizeste passar! Por todo esse ano que passamos "juntas" - e perto, apesar de longe. Agradeço por cada palavra, cada gesto e cada apoio em cima de pequenas coisas e... insignificantes. Obrigada por ser sol a alumiar meus dias escuros e minhas noites sem estrelas! Obrigada por cada mísero conselho e por todas as vezes que confiaste em mim.
Sim. Aquela razão maior de estarmos unidas já não passa de lembrança. Mas existe algo que me deixou grudadinha em ti. Tipo... tipo um ímã! E eu nunca vou soltar tua mão. Os segredos que me foram confiados, não soltarei ao vento por serem, agora, banais. Não abrirei minha caixinha de lembranças para quebrá-la, destrui-la. Apenas a continuarei colorindo com as mais lindas frases tuas ou, depois de entregues a mim, minhas.
Todas aquelas idas ao shopping, aquelas chapinhas feitas, aquelas risadas compartilhadas... Até os elogios e os desabafos! Até aquela vez de descer no Unidão para ir ao shopping e ter que caminhar, naquele sol ardente, até lá. E ter que emagrecer! Hahaha, daquele dia só me restaram risos misturados com suor. E daqueles mormaços na beira de praia, e dentro de casa... É o que fica na história, momentos dos quais eu rio até hoje.
Hoje o sol tem o mesmo brilho. Pensei que ficaria fosco, apagado. Pensei que não restaria pra me lembrar dessas histórias compartilhadas contigo... Mas ele continua brilhando, acima das nuvens. E, por ter o brilho maior, sempre dará vida às minhas palavras e sempre te fará confiar nelas. Quando tudo aconteceu, turvou minha visão de modo que pensei que iria acontecer de ele mudar de cor. Só que eu conquistei força pra mudar o destino e dizer não ao que me obrigava a aceitar. E não sei se tomei a decisão certa, mas sei que ainda virão momentos os quais levarei sempre comigo, e que anularão os outros. E que serão nossos. E que me farão felizes. Como tu me fazes, até hoje!
Gracias, gracias por tudo! Por isso e muito mais, que são coisas indescritíveis, mas tu deves lembrar e saber. E considerar. Tudo o que eu passei contigo já é mais que passado pra mim. É presente e é futuro. É uma vida inteira. É a minha vida, a qual tu fazes parte, hoje, como ninguém.
Nunca vou esquecer de ti, alemoa! Te amo muito!

Dedicado à Lucíola Trindade Borba

Primavera

Que sol vibrante que tem aquecido as tardes!
Que pássaros coloridos...
Arara, bem-te-vi, colibri, beija-flor.
Que flores perfumadas...
Rosas brancas, rosas azuis, rosas amarelas.
Ou serão só rosas?

Mescla de luz com espanto
Ao ver flores levantando, em direção aos pássaros
E rosas azuis beijam colibris,
As brancas pintam araras de roxo
E as amarelas gritam bem alto: bem-te-vi!

O céu é tão esperto
Que observa todas as mudanças,
Uma a uma,
E se cala por pensar que envelheceu.

Mas quem envelheceu foi quem notou, além dele!
Quem estava acostumado a viver na mesmice
Que é chata e passa a incomodar.
Por que só beija-flores beijam as flores?
Por que elas não podem sentir seu perfume? - se é que existe.

Pensa assim quem quer!
Eu vejo, todos os dias, vagalumes alumiando as tardes,
Rosas brancas cantando e sujando os pés de barro
E, o pior:
Borboletas cinzas!
Pois suas cores desbotaram...
Mas eu ainda as vejo!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Baú

Dizem que a morte não dói. Não dói se ela se dá dormindo nem se o propósito é realmente fatal. Mas, que mentira! Dói, sim. E perfura o coração, o flechando até que a última gota de sangue role no chão. Dói de um jeito tão estranho, incômodo. Dói de forma que os sentimentos pelos outros tornam-se indeléveis, mesmo que fossem um pó.
Um pó é o que me sinto quando volto a lembrar das tardes quentes, que beijavam a boca do mar, mas o esqueciam quando tinha que pôr o sol. Amantes passageiros, mas dias e tardes trocando segredos e promessas que ninguém jamais vai entender. O sol iluminava as tardes, e o mar era mais que gotículas azuis misturadas com o pranto dos que usam o oceano para encher, e transbordar. O amarelo, misto de laranja, era um complexo do azul que juntos contrastavam as tardes com borboletas coloridas voando em torno de quem as enxergava. E quem as apreciava, nestes verões da infância e da juventude que as gotas levaram com sua correnteza. Levaram para bem longe, dizendo nunca mais voltar. Mas elas voltam, sim, todos os dias! Voltam para dizer que já se foram, para gozar de quem não as viu passar. Voltam para os sonhadores, que só imaginam as vendo retornar, contra a correnteza, para confrontar as amplitudes do céu e do mar e chegar até aqui. Para que sejamos felizes novamente. Para que demos valor à elas. Para reconstruir os sonhos mais belos que, um dia, guardamos no fundo de um baú.
E depois vemos o baú: ele tem um buraco no fundo, bem no fundo. E as lembranças já não passam de sonhos perdidos no vento do litoral. Misturadas com outras lembranças, compartilhadas com distintas expressões que se modificam nestes temporais. Aí, sim. Aí juram não voltar! E se perdem no oceano, dando mais uma gota farta de sonhos esquecidos. De lágrimas caídas ou deixadas de lado. E de vitórias e derrotas que fortalecem as razões que o oceano tem. E que finge guardar segredo.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Suporte

Ultimamente tenho percebido que não preciso aprender tão rápido a andar.
Isso a vida ensina com o tempo!
Meus pés me levam ao lugar que eu quero apenas ao pensar em estar lá.
Meus pés direcionam o rumo que preciso tomar.
Meus pés só não sabem o que vai acontecer
Quando eu chegar lá,
Mas eu sempre chego.

O que acontecerá se
Os meus pés me levarem
Onde o ocaso, por acaso,
Não brilha diante de meus olhos?
E se as retinas se fizerem rio?

Incrível como eu, caminhando,
Me embalo ao som de uma brisa a soar no ouvido
E paro para analisar minha vida...
Perco os sentidos, mas ainda ando no mesmo rumo!
Sempre na estrada longa da vida,
Que tem curvas, altos, baixos e zigue-zagues...
Mas que, quem quer, anda na linha
E sintoniza a vibração do vento que nos vem escabelar.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Bênção

Estava pouco me importando com o que dizia uma repórter, sobre um desastre lá do Chile. Eu não estava mais dentro de casa, mas dava para ouvir os barulhos da televisão que me incomodavam até o último estrago nos tímpanos. Mas uma coisa, lá fora, me chamava bastante atenção: um senhor, idoso, de barba grisalha e riso farto, como uma criança recebendo seus presentes no Natal. Era baixinho, curvado pelos anos. Usava bengala. Seu semblante me fazia lembrar de meu avô. Ele andava sorridente, contagiante, quando, de repente, cai um anjo lá do céu.
Eu parei. Meus sentidos já não eram meus. Deixaram de existir. Fiquei pasma, branca, roxa, amarela e azul. Até vermelha fiquei. Parecia um arco-íris àquelas alturas. Fitei, concentrada, o senhor, esperando um beliscão para comprovar que era um sonho. Nada. Ninguém me beliscava nem falava nada. Também, eu estava sozinha, na chuva, escrevendo e acariciando minha gatinha, Mimi. Certo que esperava um miado da gata, ou de outro felino. Ou um latido de qualquer cusco que estivesse presenciando aquela cena divina. Ou aquele sonho. Naqueles instantes era tudo indecifrável.
Até que, quase me convencendo de que era verdade, o anjo lhe estendeu um manto com dizeres esquisitos, quase invisíveis de longe. O anjo sorriu, sussurrou algo no ouvido do senhor. Ninguém entendera. Ninguém. Só se sabia que era uma dica. E uma boa dica, pois viera num tom contrário de melancolia, e chegara ao homem no mesmo instante que vi seus olhos cintilarem. E bastava para completar aquele momento maravilhoso. E vislumbrei um momento de claridade em seu peito. O velho parecia feliz. E estava.
Mas o espanto não saíra de meu rosto. Continuava intacto. Era uma loucura! Houvera sido Deus quem lhe mandara aquela bênção? Seria o senhor tão puro, que aos nossos olhos não era nada? Ele tinha, sim, a pureza mais cristalina que eu tinha visto até aquele dia. E que só aquele dia descobri que pudesse existir.
A cena foi algo de divino esplendor! Mas nada que parasse o mundo. Foi rápido e poucos ficaram sabendo. Depois que o momento tornou-se findo, o senhor vagou silencioso em rumo a sua casa. O sorriso tinha uma força maior e mais vívida. O sorriso já tivera sido seu, em outras datas, e retornara. Observei sua chegada até a casa, toda enfeitada com pinheiros e pisca-piscas, Papai Noel na vidraça! Toda enfeitada: era véspera de Natal. A cidade estava com um outro sorriso no rosto. Não mais amargo. Era festa! Era alegria! E, para o velhinho, não era diferente. Entrou em casa, sentou-se em seu sofá. Por um instante bocejou uma dica, mas não fui capaz de entender. Tinha a ver com um Menino que lhe trouxera uma bênção. Falou de coisas tão simples, tão difíceis de enxergar. Comentou daquela data festiva, dos olhos e desejos das criancinhas que rodeavam a cidade. E de sua alegria.
"Aninha, acorda!". Foi um grito de minha mãe. Eu tivera dormido sobre o banco branco, com meu violão ao lado. Ao acordar, a televisão já não me incomodava, pois a notícia era um anjo que caíra do céu. Mas lá no Chile. E eu, que não quisera prestar atenção desde o início da notícia, tive o sonho mais lindo desde então. O sonho mais concreto que iluminou e abençoou minha mente.
Eu era uma criança como as outras. Meus pais não tinham muita coisa para me dar de presente de Natal. Mas eu queria. Eu exigia demais dos frutos de cima de uma árvore comprida: não os podia colher. Depois daquela divindade, as exigências saíram como fantasmas, branquinhas e puras de minha mente - mas não com a pureza daquele senhor, pois aquela... Ah! Aquela era única! E o maior e mais lindo presente que recebi em todos os anos, no Natal, fora aquele! O mais lindo e maior. E eterno pra mim. Não contei para ninguém, e só eu sei até hoje. Sei mais: nunca ganharei um presente melhor, pois aquele sonho foi uma mostra de que vale a pena viver. De que o Patrão velho, de cima, nos ilumina com seu manto sagrado e não é conversa de ninguém!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Folheio uma página de meu livro favorito.
Penso em ler mais. Ler, ler e ler...
Mas a história, em si, não importa,
O que importa é que eu leio para colorir a vida
Que é escura, mas é só minha.
Como um caixote vazio no meio de um temporal,
Como um filhote de tartaruga se escondendo em seu casco,
Como um pássaro que canta, um dia, parar de cantar.
Assim, pra mim, fica igual
Sem meu mundo colorido
Que se modifica desigual.
Não que eu queira me comparar com as caixas, as tartarugas, nem os pássaros
Muito menos com uma borboleta que vaga sem rumo
Numa estrada escura!
E todos a enxergam como "colorida"
Mas a solidão lhe pintou de cinza.
Preta e branca.
Um nada.
Um pó.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Nostalgia

Uma saudade adotou meu peito pensando ser seu refúgio. Ficou ali, e parece não querer fugir. Claro, ele estava aquecido por dentro: Era o fogo que o queimava. O fogo que insistia em ser laranja, com seus reflexos vermelhos a destruir as lembranças de um passado só relembrado em retratos. Retratos já sem importância. Eu queria tirar fotos da tortura que era arrancar um dente de leite, para lembrar daquele instante de dor que antes era supérfluo e, hoje, é banal. As palavras cortam o coração, e aquela antiga (e atual) vontade de crescer desconhece esses momentos doloridos. Só o que doía era o tombo que caíamos. Só o joelho e o sangue, ou outra parte do corpo. Mas nunca o principal. Hoje ele dói. Dói por qualquer coisa. Uma palavra basta para feri-lo com êxito e marcá-lo como uma flecha, ou pior. A sensibilidade toma nossos sentidos, e passa a doer só num gesto de desprezo. Não é mais num empurrão do colega. Mas a gente insiste em sentir na pele. A gente insiste em ser grande e, quando cresce, a vontade de voltar no tempo não pode, em hipótese alguma, se tornar real.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Tic-Tac

Naqueles instantes, parecia que até o relógio tinha vergonha de fazer o tempo passar. Quando paramos para observar o andamento dos ponteiros, segundo por segundo, vemos que a calmaria é tomada rapidamente. Aquela fúria, aquela cisma de passar logo... Aquela vontade de destruir sonhos parece desaparecer! Parece que estamos a intimidar o relógio, mas é só uma maneira de fazer algo de útil quando acabam-se os afazeres. Quando os pensamentos são banais, dispensáveis. Só uma maneira: olhar as horas e escutar os tiques do relógio que soam descompassados. Mas o silêncio para o mundo: é momento de reflexão. Até nós acalmamos nosso ritmo. O mundo deve dar um tempo para que consertemos nossa caminhada. Mas passa-se um minuto, depois dois. Passam três, quatro, cinco quando não estamos cuidando.

Na beira do mar

Hoje eu vejo as fotos de um passado que não volta. As folhas em que foram impressas as imagens para ficar na memória já estão amareladas de tanto que passei sem vê-las. As lembranças passam a se extinguir, depois de um tempo, em nossa mente e ficam armazenadas apenas na nossa lista de um passado obscuro. E não foi assim. Foi melhor do que eu posso lembrar, só que a minha ingenuidade me faz deixar de lado.
Eu construía castelos na beira do mar e estes eram, para mim, os maiores e mais incríveis. Mas eu olhava para o lado e tinham vários mais bonitos que o meu. Então minha falta de experiência me fazia desistir de ter o maior e mais belo. O que aconteceu foi que a água salgada do mar trocou de papel com meus olhos. Eles deram ao mar o poder de olhar além e o mar me trouxe o choro salgado que eu reservo para quando torno a lembrar destas lindas coisas que antes para mim eram simples... E comuns. Quem me dera ter de novo aquela inocência! Eu trocaria minha vida para voltar no tempo. Eu não sabia quase nada, mas não era tão complicado aprender. Tudo era mais fácil. Bom seria se o tempo tivesse parado para eu perceber como eram incríveis aqueles momentos antes... Simples.
Se hoje eu for construir um castelo na beira do mar, a beleza não terá a mesma raridade do meu castelinho feio que me fez construir meus sonhos e fortificá-los. Será apenas mais um castelo no litoral.

Base


São meu maior orgulho. Aqui ficam minhas desculpas por tarefas deixadas de lado, ou pelas que me julgo incompetente. O fato é que, por mais que eu viva a reclamar, sua presença em minha vida é tudo o que conta. Não existe uma forma com a qual eu os torne extremamente convictos de meu amor e gratidão. Existem, sim, palavras que digam tudo o que preciso pra que vocês entendam... Mas acho que não são o suficiente. Parece que elas não saem, teimam em ficar trancadas me doendo como se fossem uma placa na garganta (que comparação!). Eu xingo, magoo, respondo, tenho minhas crises de abstinência... Mas, no fim, sempre que paro para pensar, vos entendo. Mas nunca acontece na hora. E sempre acabo me arrependendo. Deve ser difícil compreender, assim como é difícil para mim aceitar a forma de vida de cada um. Eu me irrito fácil, e ninguém poupa que isso aconteça, pois é raro que seja pequena a tensão. E, claro, ninguém "melhor" para usar o ouvido como pinico do que os próprios pais. Eu não acredito nisso, mas acabo agindo desta forma quando não meço as consequências antes de definir a decisão que irei tomar. Desculpe e obrigada por tudo. Eu considero vocês os melhores pais do mundo. Pelo menos são os meus melhores, e é o que conta para mim.
Sempre conseguem o que eu quero. Não sou mimada. Não! Mas, bem como a mãe diz, "quando eu ponho algo em mente não tem quem tire". Obrigada por me tornarem capaz de realizar meus maiores sonhos. De todos, ou quase todos, vocês fazem parte. Mesmo não podendo, no momento, vocês fazem de tudo para dar um jeito e me deixar feliz. Eu acho que é eu que sou ingrata. Desculpe, mais uma vez. É difícil para mim viver completamente como os outros tempos. Os tempos bons. Tem muita poluição nesse mundo, que não é bom pra mim. Eu nunca me ajustei a nenhuma, pelo contrário: elas têm que se ajustar a mim. Só que os costumes eu acabo adquirindo, infelizmente. E sei que me protegem para que eu não entre nessas conversas. Mas podem ter certeza de que nunca faço nada que vocês não saibam! Minhas amigas até me chamam de "certinha".
Obrigada por terem me colocado no mundo. Me possibilitado a vida. Se eu não fosse mais um frutinho da árvore maior - que são vocês -, poderia estar passando por fruto podre por aí... Obrigada por terem me salvado e por me colocarem no paraíso. Agradeço à Deus por ter vos escolhido como meus pais. Embora as palavras não bastem, saibam que podem sempre contar comigo. E eu nunca vou deixar de ser a pequena de vocês. Não menor que a mana, mas para sempre a menor. Simplismente isso.
Obrigada, novamente, por tudo. São literalmente tudo para mim! Amo vocês mais que todos os horizontes que o Criador me permite ver. Vocês são meu refúgio. E minha vida.

Dedicado aos meus pais, Cireneu Pierezan e Cristina Zoppas Pierezan

Voz rouca

A minha voz sai rouca quando não encontro o suporte necessário para as conquistas que quero tornar concretas. Acho que minhas emissões se dão com vozes mistas de pranto e alegria. Não sei. Não sou eu que as aparto. Quando choro, as lágrimas são secas e os soluços saem como vômito. Vomito tudo, mas não adianta. Meus dias não são separados por repartições: não tem um dia escolhido para eu chorar nem um pra eu sorrir. Não posso defini-los por própria vontade. Mas, quando chegam os sorrisos, vêm cobrindo a boca e indo de uma orelha até a outra. Que seria eu se não tivesse quem desse voz às minhas ideias... aos meus pensamentos?!

Traiçoeira

Engraçado...
A vida passa descompassada, mas eu nunca noto!
Acho que é antipática,
Pois passa por nós sem dar satisfação.
E quando percebemos sua existência
Ela já não faz mais sentido.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Vinte anos: a vida em florescência!


A data do nosso aniversário é um marco em nossa vida. Talvez nem a data, mas o momento. Duas décadas é pouco ao analisar a linha de tempo que ainda nos resta; mas não é pouco, se representado em números. Não é pouco, se medidas as vezes que nos vimos maiores que a idade permite. E o coração.
Melhor ainda é ver todos te felicitando com a maior alegria... E o prazer de lhes recepcionar como anfitrião daquele dia. Ai! Não sei! Não sei se acontece algo ruim que marque numa data como esta. A não ser que você esqueça seu celular na empresa, pensando que pode ter deixado no carro de seu colega. Fica angustiado. Ou então que você leve um susto de sua irmã mais nova, ao chegar em casa. Ou ainda que leve um susto de sua mãe, de madrugada. Ou ainda que seu pai chegue, com a barriga de fora, cantando parabéns (Foi engraçado!). É! Tudo isso acontece nas melhores famílias. Mas, no fim: o celular foi achado, a maninha querida canta um parabéns e aquele espanto parece se misturar com um sorriso largo no rosto, a mãe estava apenas indo ao banheiro, e quem leva o susto é ela, e o pai, no final, estava com um potinho cheio de moedas atrás das costas (escondido!?).
Tá certo que aguentar, durante doze anos e pouco, uma guria chata e, em pensar que vai ser pra vida inteira, não deve ser tão fácil. Pode ter sido a pior notícia que a mãe te deu no dia vinte e cinco de maio de mil novecentos e noventa e oito: "Nasceu!". Mas são fatos que acontecem e que a gente tem que, infelizmente, aceitar. (Parando por aqui, pois já baixei pra caramba minha reputação popularmente conhecida como a de "certinha". Eu sou irritante também, rs).
Mano, eu quero que tu saibas que mesmo aqui, mesmo no céu ou até no inferno eu vou sentir o prazer de te azucrinar. Encare isso como um papel de irmã mais nova. Mas, confessa... Que seria de ti sem a tua mana caçula? Não precisa nem responder. Eu só sei que tu e a mana são pessoas que me fazem pensar bastante na vida: Por que é tão injusta? HAHAHHA. Mentira. Não é pra tanto. Mas, de cara, ninguém decifra o meu amor por vocês. Na verdade, ele é gigante demais pra eu expressar em palavras. Imagine... Se não consigo nem demonstrá-lo em gestos!
Nunca esquece que, eu estando onde estiver, vou lembrar das tantas besteiras que fizemos juntos e das tantas risadas que se deram por nada. Irmão é mais que irmão. Irmão é amigo. E uma das mais abençoadas dádivas que recebi de Deus foi a família na qual Ele me colocou. Não agradeço todos os dias por isso, pois às vezes as mágoas me turvam a visão. Mas, sempre que eu agradeço, podes ter certeza que o agradecimento é sincero e único. Cada palavra é única. E, juntas, elas formam um todo. Um todo único.
Parabéns pelo teu vigésimo ano de vida e que venham inúmeros mais. A minha felicidade se dá ao ver teu sorriso e ao te ver concretizando teus sonhos. Pois sei que, mesmo que sejam consideradas tarefas árduas, com um pequeno esforço tu consegues. E isso só acontece por tu ser quem tu és. Te admiro demais, mano! Continua assim que teus caminhos serão infinitamente iluminados.
Gracias por cada segundo compartilhado através de sorrisos e por lágrimas! Lágrimas de vitória!
Tu és o melhor irmão do mundo! Feliz aniversário e que esta data perdure na tua memória pois, os que te conhecem, a guardam com carinho por saberem quem tu és.
Eu te amo muito. Nunca esquece disso. Que venham mais muitos "vinte"!

Dedicado a Fabrício Zoppas Pierezan, por seu 20º aniversário!

5, 6, 7, 8... 12!

A vida se modifica.
Às vezes parece que nunca mais serei quem  fui.
Ou quem sou, mas não sei.
Eu sinto uma falta exorbitante de quando tinha cinco anos.
Cinco, seis, sete... até dez!
(Não pense que faça tanto tempo assim).
Realmente não o faz,
Mas na memória guardo tudo o que já passou
E talvez dois anos não sejam apenas 730 dias,
Mas um período em que dava para ter aproveitado bem mais.
Vem daquele ditado: "Eu era feliz e não sabia".
E agora é demasiadamente tarde para voltar atrás.
Eu sei que terei saudade dos meus ternos doze anos
Mas, mesmo assim, não poderei tê-los de volta.
E vai dar um belo texto resumido em aventuras.
Ou um livro, quem sabe?

Imaturidade

A vida insiste em nos ensinar sobre ela
Mas nem ela aprendeu que é preciso cautela
Nos dias de hoje.
Nem sei por que, nem como, nem quando
Cheguei neste planeta para seguir uma vida.
Uma vida só minha, que os outros insistem em a tornar sua também.

Saudade

Saudade não é só um adeus de alguém que não volta.
Saudade é mais.
É a ausência de alguém em sua vida
Mas este não precisa ter ido embora
Para sempre!
Eu sinto saudade até do que ainda não veio...
Das pessoas que não conheci.
Eu tenho saudade de tempos passados
Nos quais nem ao menos vivi.

Saudade é inevitável.
E só tem algo em comum:
A dor que corrói lá dentro
E aperta para que haja algum sentido concreto
Para estar a sentindo:
A dor.

Golpe

A saudade se achega mansa,
Dá um golpe e fura o peito, abrindo um buraco que não cicatriza.
Ou demora para cicatrizar.
Tem sido assim, ultimamente!
Tanto que minha barriga borbulha...
Eu penso que é fome.
Mas, não.
São sussurros roucos informando que alguém se foi...
Como se eu não soubesse!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Dádiva de Deus

"Escrever versos é minha maneira de gritar em silêncio. E, assim, exorcizar as inquietudes, para prendê-las no fundo das gavetas, nas páginas dos livros e nas garrafas que jogo ao mar, enquanto levanto minha bandeira nesta ilha deserta.
Mas aí aparecem os declamadores. Abrem as gavetas, folheiam os livros, destapam as garrafas. Desembarcam em minha ilha, libertam meus pássaros e empunham minha bandeira.
Meu reconhecimento a estes que, com sua arte, animaram meus gestos, choraram minhas lágrimas e deram voz aos meus gritos."

GRANDE COLMAR DUARTE!

Borboletras

As borboletas devem estar me observando
E acompanhando cada passo que eu dou.
Quem sabe vagam quietas por entre as almas mais rudes
Que inspiram o poeta.
Se não existisse saudade ou distância...
- De tempos antigos, de antigos bons amigos! -
Se não existisse a desigualdade não haveria por que escrever.
A poesia não passaria de inúmeras letras num azul sem fim que é o oceano
E num branco amarelado que torna-se a folha...
Mas ela tem seu papel!

Amigos

O melhor é poder contar com quem me faz bem.
Se eu os tiver sempre ao meu lado,
De que importará que os outros me deem as costas?

Grupo Candeeiro - Folclore e Arte Nativa

Fundado em 1980, com sede na Unisinos - São Leopoldo, com a finalidade de cultuar a Tradição Gaúcha, reunir grupos de estudos e tratar do nosso folclore. Foi fundado por oito universitários. Como em 47, o grupo dos oito! Aqui não foi diferente. Oito estudantes, preocupados com o esquecimento de nossa cultura local, se reuniram na casa do jovem Cireneu Pierezan, para pensar numa solução para aquele problema. Chegaram à conclusão de criar um grupo, dentro da Unisinos, para tratar do nosso folclore e da nossa tradição. Ana Isabel Bonotto, Cireneu Pierezan, Cleto Melchior, Dão Real Pereira dos Santos, Duarte Pereira Jordani, Eleodoro Antônio Escandiel, Eloni Pereira Jordani e José Faustino Pereira dos Santos foram os oito. Estes tiveram coragem de encarar o que fosse preciso, lutando sempre para que o grupo se mantivesse firme dentro da Universidade. Mas, em 2003, esta desativou os grupos folclóricos, corais e etc. lá de dentro. A partir de 2005, quando Cireneu Pierezan, que foi o primeiro Patrão do Grupo, ficou sabendo do acontecido, tomou a decisão de encarar tudo outra vez. A Família Pierezan, junto de alguns amigos de 1980, reacendeu a chama do lampiãozinho que muito sabemos que alumia esse Rio Grande! Mesmo sem galpão, fazemos tudo que podemos na parte artística. Participamos da Ciranda Cultural de Prendas – Fase Regional; Entrevero Cultural de Peões – Fases Regional e Estadual; ENART (Encontro de Arte e Tradição Gaúcha); FECARS (Festa Campeira do Rio Grande do Sul); 18ª Guyanuba da Canção Nativa, com a música escrita por Cireneu Pierezan e musicada por Gilmar Goulart Pinto; Convenções Tradicionalistas; Congressos Tradicionalistas CFOR (Curso de Formação Tradicionalista); CFORZINHO (Curso Básico de Formação Tradicionalista) e conquistamos diversos títulos nestes rodeios afora.
Mas, olha... Trinta anos não é pouco se for considerar um trabalho cansativo e contínuo! Mas não é tudo o que importa para mim. Para mim, o mais importante é saber que foi daqui que nasceram minhas raízes. Eu sou extremamente grata por ser fruto dessa união linda que existe entre nós – antes, vocês – do Candeeiro. E tenho orgulho de dizer que sou tradicionalista e agradeço por ser. Se meu pai, Cireneu Pierezan, e seus (e meus) amigos não tivessem acendido uma vez esse candeeirinho, talvez eu não estivesse aqui hoje.
E a minha educação é devida a este meio em que vivo. Dos eventos adquiro o gosto pela leitura e escrita, das poesias e músicas gaúchas tiro minhas razões e conquisto as experiências, dos MUITOS compromissos aprendo a ser responsável... Dos meus pais, que são a base, tiro tudo isso a cada dia. E da união dos “candeeiristas” eu tiro a honra e o respeito. Se não existisse eu não existiria. Eu agradeço por tudo! Tudo! É a minha família e quem eu nunca esquecerei. Encho meus olhos de lágrimas quando falo em vocês. Obrigada pelas tantas oportunidades e pelo apoio que sempre me deram. E eu prometo, Ana Witt, que um dia eu trago o “troféu” que, é meu maior sonho, pra nós. Metade do mérito vai ser de vocês. “Ele me espera”, como tu diz.

EMEF Olímpio Vianna Albrecht

Colégio aquele que nunca me cansei por frequentar. Tem inúmeros professores excelentes e repassa uma ótima educação para os estudantes. Digo por experiência própria, pois estudo no Olímpio há sete anos e um semestre e, às vezes, não tenho vontade de entrar em férias. Considero o colégio a minha segunda casa, pois aqui está parte de minhas verdadeiras amizades. Não só por isso me sinto bem, também por ser um ambiente onde me preparo para o futuro. Lugar em que os professores são muito atenciosos; dão aula e conseguem interagir inteira e maravilhosamente com os alunos. Por elogiar os professores, não poderia esquecer de reconhecer as maravilhas que a equipe diretiva tem feito para melhorar a escola. À medida que se pode tudo é feito para nós. Desde a minha pré-escola, que realizei no Olímpio, tenho visto uma porcentagem grande de avanço educacional.
Vinte e sete anos! Lembro de quando meu irmão, hoje mais velho, estudava aqui. No começo, estudava nos prédios de madeira, nas salas em reforma, em só uma parte da escola – a outra ainda não havia sido construída. A maioria dos professores que dava aula aqui desde o início, continua até hoje.
Reparo no diálogo entre os professores e os alunos... Falam de forma que possamos entender, mas não falam errado. São cuidadosos nas expressões e nos passam bem o assunto. Com os pais, então! Estão sempre prestes a esclarecer suas dúvidas.
Eu sempre dizia que não queria mudar de escola. Eu sempre pensava que não passaria tão rápido... Mas passou! E eu tenho convicção de que nunca esquecerei de ninguém que conheci aqui, desde os colegas até os professores. Eu vou sentir saudades! Ainda falta dois anos e meio para minha despedida, mas, com as lágrimas que absorvo diariamente, sinto como se estivesse mais perto do que o período da realidade.
Tem gente que não entende meu apego pela escola, mas, sim, eu entendo! Eu sei o quão são fortes e reais os motivos que tenho. Sempre que eu precisei, alguém da escola estava à minha disposição. Espero ter ajudado tanto como os que, por admiração, agradeço.
A realidade é que, aqui dentro, eu me sinto feliz. Mudo minhas atitudes dentro de casa, mas por variar o comportamento em qualquer lugar que vou.
Por fim, agradeço a todos que me fizeram chegar até aqui. É uma longa caminhada, e a minha está a recém no início, mas há muitos motivos para agradecer a quem esteve do meu lado, o tempo todo, até chegar aonde cheguei. A família Olímpio, assim como a mim, sempre cativará os alunos, pois, quem reconhece seus valores, enxerga o lado bom da vida. Meus parabéns por estar mais um ano fazendo a nossa história e um sincero e eterno agradecimento!


Este texto foi publicado pela minha professora, Raquel Maia Beck, no VS do dia 16/08/2010

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Pra onde foram as borboletas?

Antigamente as borboletas existiam. Eram concretas.
Dava para tocá-las e vê-las voar.
Hoje em dia elas não existem aos olhos da gente.
Parece que o tempo nos turvou a visão,
Ou a visão de quem não acredita nelas!
Eu ainda as vejo... Solitárias, cansadas de sempre seguir um mesmo rumo.
Cansadas de não existirem aos nossos olhos.

As borboletas acompanhavam as brincadeiras das crianças...
- Hoje nem mais crianças! -

Brincavam de boneca, pega-pega, esconde-esconde...
Antes ainda: gado de osso, boneco de sabugo,
Peteca, bilboquê, corda, sapata.
Mas restou apenas uma vida monótona
Para os que vêm viver nestes dias.
Não existe mais infância!

Não sei nem o que estou fazendo aqui, agora.
Não sei por que não estou brincando lá fora.
Não chove, não venta. Apenas morrem, aos poucos, as borboletas
E fazem chover com suas lamúrias.
São choros doídos, que me corroem até ao ouvir.
Não quero ser eu quem sente facadas marcando profundamente o peito, abrindo um buraco.
Não quero mais ser uma borboleta pra sentir essa coisa que dói,
Que nem sei se posso chamar de dor. Não será pouco tratando assim?

Talvez as borboletas estejam procurando seu rumo
Bem longe dessas modernidades que vejo hoje em dia.

Não podia existir vício.
Seria mais fácil seguir a vida que nossos pais seguiram.
Mais simples, mais saudável. Mais sadio.
Seria tudo mais colorido com as borboletas contornando o céu.
Mas nem se voltassem...
Não sei se não se viciariam no mundo moderno também!
Que fiquem onde estão
Pois, aos olhos de quem as quer ver,
Elas ainda existem!

Resumo do livro "O outro passo da dança", de Caio Riter


O livro trata-se do trio A-Bê-Cê. Grandes e inseparáveis amigos desde a infância, Ana Lúcia, Bernardo e Celina mostram uma realidade que raramente existe, hoje em dia. Claro que há várias amizades que podem ser ditas eternas, mas são poucas as que, entre os dois sexos, não existe preconceito. Este trio aceita toda a sociedade e a acolhe com muito amor e carinho para que faça parte de sua vida. Se, hoje em dia, existe alguma amizade sadia e forte que aceita os outros sem preconceito, este é pico da relação entre amigos e deve ser mantido. Porque, sim, o trio A-Bê-Cê sofreu muito preconceito no desenrolar da história. Mas adquiriu experiência e encarou a realidade em conjunto!
A vida de Ana Lúcia, uma excelente bailarina, chega ao ponto de quase se findar ao descobrir uma bala em sua coluna. A bala (perdida?) encontrou Ana. Foi um assalto. Ela estava saindo ao encontro de sua mãe, Beatriz, à qual era muito apegada, quando o referido acontece. Este fato mudou completamente sua vida. Acertou a coluna e tirou definitivamente a mobilidade de suas pernas. Como iria à escola, tendo que ver todos a enxergá-la como uma estranha? Como encarar seus amigos e dizer que não foi nada? Como levar uma vida normal? Como uma bailarina dança sem ter como dançar? As pernas são extremamente necessárias neste tipo de atividade. Será?
Bernardo também é um bailarino. Coitado! Dentro de casa que nasce seu problema. Ainda que não seja um exemplo de pai, existem casos assim. Seu pai lhe encara como uma mulherzinha. Não tolera “macho” dançando balé. Não têm uma boa relação. Não se falam. É! É sério mesmo! E como se fosse só... Não! Na escola também sofre preconceito. A turma do Moicano – uma turminha da pesada que vive esculachando os outros e banca uma de “machão” – é uma que contribui muito para seu fracasso. O Murilo, seu melhor amigo, foi capaz de se separar do Bernardo, uma vez, porque tem a cabeça fraca! Bastaram algumas acusações de que ele estava para lá e para cá com um bailarino, que ele entrou na conversa e resolveu se separar de Bê para não queimar seu filme. Que ia pensar a Maria Eduarda, sua namorada? Isso eu não esperava de um melhor amigo! Mas foi o que aconteceu. Só que, bem no fundo, ele sentia muita falta de Bê em sua vida. E calava.
Celina não era tão bonita, mas não servia para feia. Vamos dizer assim: não era vaidosa. Só isso! E o que há de mal em não se preocupar tanto com a estética? Sua mãe achava o fim do mundo! Daquelas que tem a pele branca, cabelo alisado, olhos claros e nenhum tipo de imperfeição, sabe? Essa era Denise, pode-se dizer sua mãe. Pietro, o pai, adora a mulher, embora estejam separados. Celina é a única menina de seu colégio que mora com o pai. Isto vem a se tornar frustração, embora não considere tão agradável a presença da mãe. É daquele tipo que se produz toda para ir ao mercado – se é que vai ao mercado – e vive por aí, a cada dia com um novo namorado. Sempre um rapagão, musculoso... Mas nunca dura uma relação! E não faltam reclamações para baixar o astral da Cê. Como é uma mãe vaidosa, prefere cuidar da beleza da filha também.
Ana Lúcia encarou vários problemas por aquelas pernas que não eram mais suas. Quer dizer, ela tinha pernas. Mas para ela era a mesma coisa que não ter! Seus grandes amigos lhe enviavam torpedos pelo celular e ligavam, mas a vergonha e o medo não a deixavam ligar para isto. Ficava em casa o dia inteiro. Passava os dias trancada no quarto e a acariciar Nijinski, seu cachorro. Às vezes passava a ouvir histórias de terror que sua avó contava. Que tanto gostava! Depois se tornou comum. A cada dia uma nova história. Apesar das dificuldades, um dia teria que encarar a realidade... E foi o que aconteceu! Voltou às aulas – com muito medo – e fugiu dos comentários que passaram a existir. Filósofo, um colega de aula, lhe deu toda a força do mundo, pois gostava muito dela. Até mais que um amigo.
Bernardo gostava da Marília, a namorada do Nando. Certa vez, quando teve que ensaiar uma coreografia para dançar com ela, se sentiu no mundo das nuvens. Apesar de qualquer intimidação ou falta de interesse ao entender seu lado, estava sempre de bom-humor e ajudando os outros. Até se surpreende quando Elisa Ventura, uma menina do colégio que todos diziam que gostava do Moicano, foi defender-lhe numa briga contra a turminha do mau. Começaram a se conhecer e, no fim, Marília não passou de uma grande amiga. Davam-se muito bem, e era assim que tinha que ser. O grande amor de sua vida agora era a Elisa. Mas calava. Não dizia nada, vai que não fosse o mesmo o que ela sentia? E se quisesse que fossem só amigos? Sei lá.
Cê faz parte do Grêmio Estudantil de seu colégio, e lá conheceu o primeiro amor de sua vida. O Nando, que namora a Marília. Um plano e uma futura realização do Grêmio Estudantil era baixar o preço dos lanches da cantina, que estava cada vez mais alto. Ninguém mais comprou nada lá. Fizeram um protesto e não demorou muito para que desse certo. Nando abraçou Celina com força e beijou-lhe a bochecha. Esta se sentiu nas nuvens, mas logo a Marília chegou e “cortou seus baratos”.
Ana Lúcia se sentia como Elisabeth – uma personagem de uma história que a avó havia lhe contado –, sentia medo, tinha vergonha! Mas aquilo não durou muito tempo. Apesar de se sentir muito estranha com aquelas “pernas-cadeira”, tinha de aceitar que não tinha como recuperar. E, também, não é tudo em sua vida. Antes de qualquer coisa, devemos tratar de ser felizes, e somente as pernas que existem dentro da gente – as que movem os passos do nosso coração – já completam o serviço. Aquelas pernas, sim. Têm que estar sempre com bastante mobilidade, pois não se sabe o que há por vir. Não se prevê o futuro. E se o coração as fizer trancar?
O Bê estava muito feliz com a Elisa Ventura. Antes era assim: Bernardo adorava a Marília e Celina adorava o Nando. Os dois eram apaixonados pelo casalzinho. Agora até para a Cê mudou! O Murilo, melhor amigo do Bê, tinha um irmão – o Ted. Ele faz parte da turma do Moicano. Mais um idiota que tenta acabar com a auto-estima dos colegas! E, até antes do Bê, Ted amava a Elisa. Uma vez o Murilo leu na última folha de seu caderno: E ♥ T, Elisa Ventura, enfeites e mais um monte de corações...
Celina, além de gostar dos amigos do Grêmio Estudantil, tem uma outra forma de entretenimento: a natação. Como eu disse, “agora até para a Cê mudou!”. Na aula de natação, ficava só a observar o Rômulo, seu professor. Claro, devia ter umas duas ou três décadas a mais que ela! Mas, como mandar no coração? Também não sei se tinha mudado, pois ainda gostava do Nando... Indecisão! Era o que mais confundia sua cabecinha. O Rômulo tinha dentes brancos que brilhavam ao sorrir-lhe a cada novo dia de aula. De tanto que aprendeu a gostar do professor – não! Professor, não! Corrigindo: o homem de sua vida –, tornou-se uma obcecada.
Ana andava com o coração descompassado, ultimamente. Não sabia ao certo que momento estava presenciando. E o Filósofo continuava a se aproximar dela. Até que um dia, apenas com um impulso, entregou um papel para Ana Lúcia que dizia o seguinte: Eu te amo. Três palavras. É. Isso. Ela sentiu-se alegre, mas, ao mesmo tempo, com medo. Não sabia se o que estava lendo era verdade. Pensava que, sei lá... Pensava que era só para ter um amigo a mais naquelas horas de dor que tivera de passar em cima da cadeira de rodas. Mas, não. Estava escrito bem assim: Eu te amo. Ela pediu um tempo para pensar. Não sabia se, realmente, era aquilo que queria. Claro que esperar por aquilo ela esperava. Todos esperavam por aquela reação de Filósofo!
O Bê tinha aquelas rixas com a turminha do mau (ou melhor, eles é que tinha com o Bê). Um dia entrou um menino novo em sua turma, o Danilo. Todo “malandrão”, mas chegou perto do Bernardo e das gurias e todos gostaram da nova companhia. Ele era um bom partido. Como amigo e até mesmo contra o Moicano. Um dia teve uma corrida que ocorre anualmente em sua escola. A Celina que organizou a turminha para combater o Ted e o Moicano. Fazia dois anos que o Ted ganhava aquela corrida. Essa vez eles não iam deixar! Armaram um plano em que a Cê coordenou e, no momento certo, Danilo passou na frente e conseguiu vencer! Celina foi muito elogiada. Depois a turminha do mau veio desmoralizar. Esperava-se já. Mas estavam em três: Bernardo, Danilo e Celina. E três contra três não era tão fácil assim. A vantagem acabava. Três contra um podia ser fácil, mas agora Bê tinha dois aliados.
Obsessão é pouco. Olhava-se no espelho e perguntava a si mesmo o porquê de ser tão feia. Quando fazia esta pergunta ao pai, ele respondia que o espelho lhe mentia. Sabe... Coisa de pai! Mas ela não era feia mesmo. Só que seu coração ficou poluído com a notícia de que Denise, sua mãe, achou Rômulo deslumbrante. Deslumbrante. Deslumbrante. Deslumbrante. Só o que rondou em sua cabeça enquanto soube que os dois se conheceram e estavam namorando. “Mas, mãe. Ele nem é tão mais novo que tu, que nem estes garotões que estão sempre contigo.”. Mas não queria, jamais, contar-lhe que o amado da mãe era o mesmo amado da filha. Sofria em silêncio. E sofria! E passava as tardes chorando depois do encontro com a mãe.
No novo encontro de Ana com o Filósofo, ela avançou nele e disse: “Sim”. Era sua resposta, e ele não sabia se tentava a compreender ou pulava para cima do céu, de tão contente. “Você quer ser minha namorada?” e ela: “Sim”. Deu uma chance para ele... Talvez a fizesse feliz como nem imaginava! Quem sabe? E os dois beijaram-se vagarosamente e foi um momento feliz a ambos.
Sempre, na escola, o Grêmio estava promovendo umas atividades culturais durante o recreio. Tem um recreio por semana, mais ou menos, em que, o colega que sabe alguma coisa, se apresenta para os outros prestigiarem. Aquela semana não tinha sido diferente, e o Bê já tinha uma ideia fixa na cabeça. Ele ia convidar a A – Ana Lúcia, assim que      chamavam-na – para acompanhá-lo na dança. Queria tanto que a amiga aceitasse! Então ele a convidou para dançar aquela, no recreio, sem compromisso. O plano era fazer com que ela fosse se acostumando e aceitando aos poucos. Dançaram, depois veio a pergunta: “Ana, você quer dançar comigo?” Mas como? Sem as pernas? Ela ficou de pensar.
Não tinha jeito, Rômulo e Denise era a marca de uma flecha que tinha acertado em cheio no coração da Cê. Ela não admitia aquilo. Não podia ser verdade! Enquanto os amigos se reuniam para olhar as temporadas imperdíveis de Lost, ela se imaginava sozinha naquela ilha do filme. Ou melhor, sozinha não estava! Tinha seus amigos, seu pai... Mas não queria ter ninguém com ela lá. Queria estar sozinha mesmo, para não haver chances de existir um outro Rômulo.
Ana Lúcia pensou muito ao lado de Filósofo. Como ela ia dançar sem a flexibilidade das pernas? Sem ao menos poder mexê-las? “Um outro passo. Inventa um outro passo, só seu”. Foi aí que ela, entusiasmada, deu a resposta para o Bê: “Sim. Sim. Sim. Sim.” Aquele “sim” lhe soava como música aos ouvidos. Bê ficou tão contente!
Tinha a resposta da A, agora só faltava a do pai. Tinha lhe convidado para assistir a sua apresentação de balé no dia que ia dançar com Ana Lúcia. Mas, frio, nada respondeu no instante da pergunta. Antes, a da Ana; agora, essa resposta o deixava angustiado. E tinha mais aquela história da Elisa Ventura... Que vida! Pior a da Celina que ela queria morrer. Ele, não. Pelo menos gostava de viver. Até com aquele gosto de “ainda-tem-mais”.
Quando estava chegando da escola, um dia, Denise lhe ligou. Queria falar com ela. Encontraram-se e a mãe partiu para o assunto: “Filha, é sobre o Rômulo. Nós terminamos.” O quê? Aquilo parecia mesmo mentira. Como era? O seu caminho estava livre? “E tem mais. Estou namorando outro homem. Acho que agora é para casar.” Para casar? Ela ouviu aquilo da mãe? “Acho que agora sei o que é amor”. Ambas felizes. Que bom! Celina e Rômulo e ainda um padrasto que agora devia ser para sempre.
Ensaiaram bastante para aquela apresentação, a A e o Bê. Quando estavam no palco, o Bê quase deu um salto perfurando o teto do local. Claro que deu esse pulo, mas foi por dentro. O coração deve ter gritado lá bem alto, com fúria e alegria. Com uma sensação demasiadamente boa. Avistou, na plateia, seu pai! Ele tinha ido lhe ver apresentar. Bernardo se concentrou e fez tudo direitinho. Até parecia um sonho: um passo só deles. Um outro passo da dança. E aquilo estava emocionante. Completaram com muito charme e beleza as coreografias e, no final, uma explosão de aplausos. Assovios... Tudo que precisavam ouvir! Mas, antes de tudo, o que o Bê precisava era de um elogio do pai. “Parabéns! Estava muito bonito!”
Celina ficou admirada pelos amigos. Foram muito bem! Sabe, depois daquela história de “Rômulo e Denise”, ela não ia mais à aula de natação. Não suportava ver a cena dos dois juntos. Agora, não. Agora que tudo voltara ao normal, retornou à natação. Mas, depois de toda aquela choradeira, nem gostava mais tanto do Rômulo. E aceitou a escolha da mãe. O que tiver de ser, será. Não adianta ela tentar mudar seu destino porque quer tanto uma coisa. Nem estava na idade de amar. E, além do mais, até que o Murilo – que tinha acabado com a Maria Eduarda – e o Danilo eram bonitinhos.
Assim se prolonga a história do trio A-Bê-Cê e de seus companheiros: Ana Lúcia com Filósofo, Bernardo com Elisa, Celina com...? Danilo ou Murilo? Não sabe. Ela descobriu aquela noite que tudo sempre é começo. A gente começa, um dia. Se não está bom, recomeça. E assim se vai o ciclo da vida, sempre girando ao recomeçar...

Ai, que preguicinha gostosa!

Eu moro em um lugar onde há, na frente, vários arbustos e lindas rosas brancas. Não há nada de mais em minha casa. Ela é comum, mas para mim é muito especial. Ah, desculpe, esqueci de me apresentar. Lá vai: me chamo Doralina, mas pode me chamar de Dora. Sou uma rede para descanso. Perto de minha cabeça encontra-se uma madeira que prende as listras coloridas de minha pele, com curtos barbantes agrupados que servem para garantir a segurança de você, que sempre poderá se divertir comigo. Eu preciso de um amigo. Gostava tanto de quando tinha uma amiga! Ela se chamava Priscila, mas eu a chamava de Pri. Nós brincávamos o tempo inteiro, e ela nunca havia me deixado na mão. Até que, sem mais nem menos, seu pai veio com uma má notícia:
- Priscila! Venha cá agora! Sua mãe e eu precisamos conversar com você.
Nunca havia falado colocando tanta pressão, sendo tão apressado e nervoso. Minha amiga teve que ir correndo, pois estava ansiosa para receber a notícia.
- Não sei nem como explicar, foi muito difícil para eu tomar esta decisão. É o seguinte: precisaremos nos mudar. As condições financeiras aqui em casa não estão muito boas, o aluguel está começando a subir e a vida aqui na cidade exige condições financeiras rigorosas. Papai não está conseguindo levar mais adiante – confessou o pai, com bastante medo da resposta.
Coitadinha, deu-me pena. Para uma criança de quatro anos deveria ser difícil passar por esta situação. Perder seus amiguinhos, colegas, vizinhos... Perder a mim. Mas o que ela podia fazer? Só lhe restava chorar. Tanto sinto sua falta que hoje choro de saudades. Era tão meiga. Lembro de sua delicadeza ao brincar e rir comigo. Tão querida – isso nem se fala – e linda. Ah, como eu sinto saudades daquela menina!
E eu fiquei aqui, sem ninguém para brincar. Eu não tenho amigos. Este novo proprietário da casa tem um filho muito mau. Sem contar que é indelicado e suas mãos sobre mim sempre me machucam. Lembro que tanto reclamei de minha amiga, hoje vejo que nunca tive ninguém melhor que ela em minha vida. Talvez, também, nunca mais terei.
Eu era tão limpinha, tão bem cuidada. Não tinha nenhuma mancha. Era outro motivo para que eu amasse a menininha. Nós combinávamos, éramos vaidosas juntas. Como não tenho como me manter sozinha, todos os dias ela me limpava, colocava perfume e deitava sobre mim, se cobrindo com um quente edredom que aquecia a ambas. 
A inocência fazia seus olhos cintilarem. E adorava, também, me pintar para ter trabalho de limpar depois. Tudo para ela era divertimento.
Um bom tempo se passou, mas eu sempre lembro da humildade daquela criança a quem dediquei todo o meu carinho – hoje vejo que não foi o suficiente. Que coisa, não? Descobri que só damos valor àquilo que amamos no dia em que perdemos tal preciosidade.
Eu vou confiar um segredo a você: O dono da casa resolveu, depois de anos, que queria se livrar logo desta. Estava praticamente abandonada, ninguém se interessava pela compra e nem pelo aluguel. Não lhe dava lucro. Os senhores então negociaram, entre si, por um preço bem viável ao pai de Pri. Para a minha surpresa eles chegaram a um acordo: O pai da menina ficava com a casa, desde que o dono pudesse vir visitar-nos sempre que bem entendesse. Para ser bem sincera, eu acho que o que levou-o a esta decisão foi o brilho que a menina continha em todas as suas expressões, em seus olhares. Mas, principalmente, em sua humildade diante de grandes problemas. A menina, assim como a mim, cativou ao senhor também.
Hoje sou uma rede realizada. Posso dizer que sou quem tem o maior brilho, – depois de Priscila, é claro – pois ela tanto brilha que chega a nos contagiar, chegando ao ponto de brilharmos também.
Acredito que ela também esteja realizada. Como já citei, passou-se bastante tempo – média de sete meses – e ela está até mais bonita. Sinto isso em seu olhar, quando ouço a melhor frase que ela diz para mim todos os dias, depois do almoço:
- Ai, Dora... Que preguicinha gostosa! Deixe-me dormir com a presença de sua companhia?

Com este texto ganhei um Concurso em minha sala de aula.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Beto Carrero World

Bem parecia mentira, mas não era. Tinha a ver com um filme, de terror, mas era verdade. E aquilo, pra mim, marcou profundamente. Contaram-me que, num passeio de escola, rumo ao Beto Carrero World, duas pessoas morreram e muitas se feriram. Era uma oitava série, com o pensamento lá em Santa Catarina. Daqui de Novo Hamburgo. Um passeio de escola. De fim de ano. Nada mais. Comemorar, pois uma etapa de sua vida estava acabada! Mas como ir até lá? De carro? Ônibus? Vã? Kombi? Como? Eis a questão!
Uma menina, a líder da turma, de fato, conseguiu alugar uma vã. Como seu tio tinha outra vã, a turma se dividiu: foi metade numa e outra metade noutra. O tal homem desconhecido, dono da vã alugada, disse que conhecia um atalho. Seguiram sua ideia, pois queriam chegar logo no Parque. No meio do caminho, furou o pneu da vã em que estava dirigindo o homem desconhecido. Depois acabou a gasolina. Bom... Resumindo, tudo de ruim acontecia para ele. Só para ele. O pessoal começou a achar estranho, mas não se deixaram levar por isso. Sabe como é a cabeça de um adolescente! Quando cisma com algo, não desiste de sonhar. Estavam com as ideias lá em Santa Catarina... Longe!
Quando pararam pela última vez – era noite, precisavam descansar – desceram todos dos automóveis e foram fazer suas necessidades, dormir um pouco, comer... Pensar na vida que Deus lhes dera, e sonhar mais um pouco, com a angústia e vontade de chegar logo. Como a menina responsável e seu tio já estavam um pouco preocupados com o “cara” estranho, e as meninas precisavam ir no “banheiro” – imagine um banheiro num mato, num deserto, num fim de mundo – reuniram-se e combinaram de ir todas juntas. Curioso, a Milena – uma colega – desapareceu neste meio tempo. Mas ninguém se deu por conta! E o homem não estava lá com eles. Dali a pouco o tio da garota sumiu.
Os meninos, como eram estratégicos, resolveram correr logo dali, pois algo estava ficando muito estranho. Foram todos em uma vã, pois a outra havia desaparecido. Depois de percorrer muito, lembraram do tio da menina. Não podiam deixá-lo lá, sozinho, em algum lugar. Voltaram tudo. Tinham andado bastante já...
Quando estavam chegando, lembraram-se da gasolina. Tinham programado de abastecer a vã em certa cidade. Com alguns metros de distância do lugar de onde pararam, ela acabou. Os meninos disseram para as meninas ficarem ali até eles voltarem com o tio da garota.
Chegaram ao local e não havia nada, nem ninguém. “Que burrice!” – pensaram. Como deixaram as colegas sozinhas naquela vã? E tão longe de onde estavam. “Pegaram-nas!”. Foi o que lhes veio na cabeça, e o que realmente aconteceu.
Pra encurtar a história, aquele tal “homem estranho” era um pedófilo. Fazia transporte para roubar as pessoas, matá-las e guardar seus órgãos em potes. E não era só ele, tinha um galpão todo equipado nos fundões daquela estrada e várias armadilhas espalhadas pelo chão. Tinham mais dois ou três homens que lhe auxiliavam. Arrancavam os olhos das pessoas e, depois, os vendiam. Que brutalidade! Bom que os guris acharam esse esconderijo e conseguiram, depois de muito bem pensado, chamar a polícia, denunciá-los e soltar todos seus amigos – todos não. Pobre Milena! Estava toda amarrada numa madeira... Não tinha mais chances de viver. Apenas lamentaram... E o tio da garota foi encontrado morto. Morrera tentando salvar Milena. Sim, chegou a lutar... Mas não resistiu!
E, no final, ninguém foi ao Beto Carrero World. Imagine a frustração destes adolescentes! Que história! Eu nem sabia que tal “sutileza” existisse. Como pode um ser humano ter uma mente como essa?

Gato

Eu queria ser um gato.
Sim, um gato.
Parece incompreensível, mas não é.
Os gatos têm uma vida tão calma, tão cobiçada. Sua rotina é comer, dormir, acordar, passear, dormir, acordar, comer... Sua rotina é incansável.
Ou não?
Pensando bem, eu não gostaria de ser um gato.
Gato não pensa, age por instinto. Gato não vive, gato é preguiçoso.
Mas também, eles não têm culpa de não ter um encéfalo altamente desenvolvido!
Como nós.
Mas tem tanto ser humano que não aproveita essa oportunidade.
Os gatos não vivem para ter culpa.
Na verdade, eles não vivem, pois viver requer um grande número de dificuldades...
A vida não é fácil!
Mesmo que eu quisesse, não poderia ser um gato.
Eu sou o que sou, e não há ideia que mude esse fato.

Imperfeição

Há muita gente que se sente superior aos outros,
Sendo que usufrui do que está pronto para ser feliz.
É essencial
Conhecermos a nós mesmos,
Antes de nos autojulgarmos perfeitos.

Descobrindo a Natureza

Descobrir sua natureza é dever de cada um. Existe quem goste de ler, existe quem goste de escrever e até quem tenha habilidade com números. Eu amo números, mas não deixo de ter uma paixão pelas letras e pelo modo de colocá-las. Eu tenho doze anos, mas ainda brinco. Como se eu ainda tivesse cinco anos de idade. Mas, agora, a brincadeira é mais divertida ainda. Antes eu tinha aprendido a brincar com coisas materiais. Agora eu aprendi a brincar com as palavras. E é a forma mais gostosa de aprender e viajar, literalmente! Minha natureza é variada. E o humor varia de acordo com ela. Mas eu sei que, o que eu aprendo, levo para sempre, independente da disciplina ou do modo de pensar e agir. Tenho toda a sorte do mundo por ter com quem compartilhar as estações de minha vida. Um dia sou primavera, pra florir com sorrisos a vida de minhas amigas, de minha família. Outros dias sou inverno. Às vezes com ventanias, trovões... Às vezes uma simples chuva que gela a alma. Já fui verão! Contei piadas para mim mesma num dia frio para que as risadas me aquecessem. Outono é o que normalmente sou. Amena, calma ou furiosa. Minhas estações se modificam, e eu agradeço por ter a oportunidade de escolhê-las.