quinta-feira, 14 de junho de 2012

Itinerário incerto.

Bebi água de meus olhos. Pareceu-me pura a lágrima. Senti um gosto fresquinho, semelhante ao de chuva: gosto mesmo de vitória. Orgulhei-me, e a cada minuto mais encharcava meu rosto. Saborosa repetição. Ao vislumbrar o céu, uma lágrima solta pelo chão. Ao apreciar a beleza das cores vivas de um desenho abstrato, outra que cai.
De meus olhos já apartaram-se tantas lágrimas que nem sei. Espero que o chão as tenha absorvido, pra que eu não encontre-as empilhadas nos caminhos que trilharei. Mas saberei que pura estará minha'lma sempre que, por necessidade, puser-me a chorar.
As pessoas vão e vem. Os fortes e que realmente nos amam ficam para sempre. As lágrimas que caem de nossos olhos quando se descobre as falhas de nossos conhecidos enquanto considerados amigos, por vezes, levam-nos embora.
Assim precisa ser: de nada vale um amigo com o qual não temos liberdade de expressão. Dói ver uma pessoa que você cuidava como se fosse sua irmã, mas se o grau imaginário de parentesco não lhe era explícito, que a sujeira que manchou seu coração possa ficar nas mãos desta pessoa, e permita-me desejar que lhe suje um pouco também. Quando em nós pisam, podemos sentir a dor que não sentimos enquanto pisamos.
Conservar os amores fortes é necessário, pois, por mais que se pense conhecer de cabo a rabo o amigo, nos é provado o contrário quando já não mais fazemos falta em sua vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário