Há
31 anos “alumiando o pago com a chama da tradição”
Os
costumes gauchescos, tais como a música nativista, a dança tradicionalista, a
vestimenta de época herdada da miscigenação de etnias formadoras da população
sul-rio-grandense e até mesmo as lendas representantes do folclore anunciavam
extinguir-se. Oito universitários, inicialmente, sentaram ao redor de um
fogo-de-chão e absorveram o mate que amargurou a saudade dos tempos de lides
campeiras, da infância de cada um que podia ser representada em boneco de
sabugo de milho, carrinho de lata de azeite, bruxinha de pano costurada pela
mãe, de retalhos. A nostalgia tomou conta do coração dos estudantes na noite de
31 de agosto de 1980. A preocupação foi tamanha ao avaliar a deixa de costumes
familiares que não mais era significativa dentro das casinhas com luz elétrica,
sendo o aquecimento do lampião nas noites frias negligenciado.
Eis
que, a partir da vontade de fazer com que a cultura e seu culto renascessem, eclode
uma Entidade Tradicionalista, sem fins lucrativos, a fim de propagar a cultura
gaúcha, com a esperança de agregar a ela uma equipe de tradicionalistas de fé.
Cireneu
Pierezan, Ana Isabel Bonotto, Eloni Pereira Jordani, Cleto Melchior, Duarte
Pereira Jordani, Dão Real Pereira dos Santos, José Faustino Pereira dos Santos
e Eleodoro Antônio Escandiel formaram o “grupo dos oito” e passaram a ostentar
e carregar a bandeira do Grupo Candeeiro – Folclore e Arte Nativa com amor e
determinação.
A
partir da criação, foram surgindo pessoas interessadas em compor o grande
grupo. Formaram invernadas, idealizados foram mais de dois grandes shows (em um
dos quais um grande poeta e payador, Jayme Caetano Braum, prestigiou e fez a
demonstração de seu trabalho) e até mesmo viagens com a invernada adulta foram
feitas. Uma, até Portugal.
Em
2003, a Unisinos desativou grande leva das atividades culturais lá de dentro.
Dentre as tantas, o Candeeiro foi uma. Em 2005, o primeiro Patrão
(=Presidente), Cireneu Pierezan, que havia se afastado um pouco das atividades
da Entidade, soube do ocorrido fato e correu atrás dos papéis de filiação ao
Movimento Tradicionalista para regularizar a reativação do Grupo. Em metáfora,
ele, juntamente de sua família, reacendeu o Candeeiro.
A
partir de então, voltamos com atividades artísticas, culturais e outras, em
diversas áreas, com a mesma finalidade: a de expandir nossa cultura, divulgar
nossas raízes. No início sem galpão, com dificuldades de administração e
público. Mas superamos! E agora temos uma sede (um lugar nosso, propriamente
dito)!
Hoje
continuamos na luta que consiste em agregar famílias interessadas ao meio
Tradicionalista, lhes proporcionando atividades de lazer e convívio sadio em
equipe.
Há
trinta e um anos a luta começou, e sabe-se que só será travada quando o último
integrante desistir de guerrear podendo perder algumas batalhas. É sábio o
conhecimento que ensina que um dia perdemos, e outro, ganhamos. Experiência
esta adquirida por nossas prendas e peões em concursos em prol do sonho de
ostentar uma faixa e/ou brasão que represente o Estado. As vezes que caímos não
podem ser vistas, no presente, como motivo de desânimo, mas, lá em frente, como
estímulo para se erguer.
Sim.
Caímos muitas vezes, e levantamos. Num sem fim de momentos que permeiam por
entre as linhas ora retas, ora tortas que por nós foram traçadas, estamos aqui
a admirar as tantas vezes que vencemos as dificuldades.
Como
integrante do Grupo Candeeiro “desde que estava na barriga de minha mãe”, como
relatado em minha prova oral de meu primeiro concurso de prendas, no qual eu
tinha sete anos, honro o nome da minha Entidade-mãe e lhe penduro ao peito até
para que sangre quando necessário. Pois sei que por tantas vezes me são fieis
as correntes.
Obrigada,
leais amigos que não me deixaram desistir do sonho de carregar a faixa do Rio
Grande do Sul! Como a Ana With diz, o “meu troféu” ainda não chegou, mas me
espera. E muito devo a vocês por conseguir persistir na meta que criei. Vocês,
de certa forma, me permitiram a vida, e lhes devo imensamente por isso. Feliz
aniversário, Família Candeeiro!
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