quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Grupo Candeeiro – Folclore e Arte Nativa

Há 31 anos “alumiando o pago com a chama da tradição”

Os costumes gauchescos, tais como a música nativista, a dança tradicionalista, a vestimenta de época herdada da miscigenação de etnias formadoras da população sul-rio-grandense e até mesmo as lendas representantes do folclore anunciavam extinguir-se. Oito universitários, inicialmente, sentaram ao redor de um fogo-de-chão e absorveram o mate que amargurou a saudade dos tempos de lides campeiras, da infância de cada um que podia ser representada em boneco de sabugo de milho, carrinho de lata de azeite, bruxinha de pano costurada pela mãe, de retalhos. A nostalgia tomou conta do coração dos estudantes na noite de 31 de agosto de 1980. A preocupação foi tamanha ao avaliar a deixa de costumes familiares que não mais era significativa dentro das casinhas com luz elétrica, sendo o aquecimento do lampião nas noites frias negligenciado.
Eis que, a partir da vontade de fazer com que a cultura e seu culto renascessem, eclode uma Entidade Tradicionalista, sem fins lucrativos, a fim de propagar a cultura gaúcha, com a esperança de agregar a ela uma equipe de tradicionalistas de fé.
Cireneu Pierezan, Ana Isabel Bonotto, Eloni Pereira Jordani, Cleto Melchior, Duarte Pereira Jordani, Dão Real Pereira dos Santos, José Faustino Pereira dos Santos e Eleodoro Antônio Escandiel formaram o “grupo dos oito” e passaram a ostentar e carregar a bandeira do Grupo Candeeiro – Folclore e Arte Nativa com amor e determinação.
A partir da criação, foram surgindo pessoas interessadas em compor o grande grupo. Formaram invernadas, idealizados foram mais de dois grandes shows (em um dos quais um grande poeta e payador, Jayme Caetano Braum, prestigiou e fez a demonstração de seu trabalho) e até mesmo viagens com a invernada adulta foram feitas. Uma, até Portugal.
Em 2003, a Unisinos desativou grande leva das atividades culturais lá de dentro. Dentre as tantas, o Candeeiro foi uma. Em 2005, o primeiro Patrão (=Presidente), Cireneu Pierezan, que havia se afastado um pouco das atividades da Entidade, soube do ocorrido fato e correu atrás dos papéis de filiação ao Movimento Tradicionalista para regularizar a reativação do Grupo. Em metáfora, ele, juntamente de sua família, reacendeu o Candeeiro.
A partir de então, voltamos com atividades artísticas, culturais e outras, em diversas áreas, com a mesma finalidade: a de expandir nossa cultura, divulgar nossas raízes. No início sem galpão, com dificuldades de administração e público. Mas superamos! E agora temos uma sede (um lugar nosso, propriamente dito)!
Hoje continuamos na luta que consiste em agregar famílias interessadas ao meio Tradicionalista, lhes proporcionando atividades de lazer e convívio sadio em equipe.
Há trinta e um anos a luta começou, e sabe-se que só será travada quando o último integrante desistir de guerrear podendo perder algumas batalhas. É sábio o conhecimento que ensina que um dia perdemos, e outro, ganhamos. Experiência esta adquirida por nossas prendas e peões em concursos em prol do sonho de ostentar uma faixa e/ou brasão que represente o Estado. As vezes que caímos não podem ser vistas, no presente, como motivo de desânimo, mas, lá em frente, como estímulo para se erguer.
Sim. Caímos muitas vezes, e levantamos. Num sem fim de momentos que permeiam por entre as linhas ora retas, ora tortas que por nós foram traçadas, estamos aqui a admirar as tantas vezes que vencemos as dificuldades.
Como integrante do Grupo Candeeiro “desde que estava na barriga de minha mãe”, como relatado em minha prova oral de meu primeiro concurso de prendas, no qual eu tinha sete anos, honro o nome da minha Entidade-mãe e lhe penduro ao peito até para que sangre quando necessário. Pois sei que por tantas vezes me são fieis as correntes.
Obrigada, leais amigos que não me deixaram desistir do sonho de carregar a faixa do Rio Grande do Sul! Como a Ana With diz, o “meu troféu” ainda não chegou, mas me espera. E muito devo a vocês por conseguir persistir na meta que criei. Vocês, de certa forma, me permitiram a vida, e lhes devo imensamente por isso. Feliz aniversário, Família Candeeiro!

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