terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Silêncios ao vento

Sentado, à beira de um fogo,
Tomava uns mates
Pra amargurar mais a saudade
Que teimava em ser
Chuva nas tardes de sol quente.

Lembrara de seu pai,
Na mesma situação,
Lhe dizendo com rara emoção
Que a vida dura para quem insiste em sonhar.

Houvera concretizado seus sonhos
Antes do pôr-de-sol!

E hovera as horas
De sentar-se ao fogo-de-chão
E celebrar mais um dia estancado
Que escancarara a porta
Com lembretes do passado
Mostrando as tábuas tortas,
Entre as tantas,
Que fizeram a casa de madeira
Despencar das alturas.

Essa casa foi morada
E foi refúgio nas tantas tardes
Que não tivera a quem confiar recuerdos.
Estes que se foram,
Porém, permaneceram em sua lembrança
Durante muito tempo.

Morreu bem como vivera,
Por andar solito a apagar rastros
Que a vida deixara.

Mas levou consigo
Que a vida é pra ser vivida
E a esperança comprida
Nestes sonhos que parecem
Gostar de dar gargalhadas da gente.

Não tivera amigos
Por viver quieto a pensar
E lembrar
Das tantas injustiças...
Hoje uma gota do oceano imenso.

Seus sonhos foram intensos,
Porém, apenas sonhos!
Pois lhe faltou esperança
Pra acreditar
E soltar ao vento.

Tivera guardado os silêncios
Para as tardes chuvosas
Que usava para consertar seus erros.

E errava mais,
Ao fazer deste modo.

Até que a morte chegou bem devagarinho.

E ele fora mais um
Dos que foram-se em silêncio
Com gritos trancados na goela
E boas lembranças agonizando as tardes.

O seu sol se pôs pra sempre!
E seu oceano transbordou.

O vento não guardou seus segredos
Por não lhe terem sido confiados.
E seus silêncios,
Que adormeceram moças
Em seus pelegos,
Foram eternos
Na lembrança de seus tantos amigos:
O pôr-de-sol de cada dia,
Os sonhos
E a morte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário